Poema Gótico


Eu sou o poeta da escuridão


que semeia em frios jardins

flores mortas

com as pálidas mãos

Sou o ser escuro


que vigia a noite

com o olhar de vampiro

buscando encontrar a beleza

que se esconde em cada sombra
Meus olhos pintados de preto


vêem o que não pode

ser visto

pelos olhos mortais

Eu sou a bruma noturna


o ouvido dos

Gárgulas

nas catedrais

Eu vagueio nos céus escuros


onde os olhos dos

corvos

brilham

no mágico crepúsculo
Nas trevas


vejo a luz

que poucos ainda

produz

e na terra onde os seres
do dia
rastejam
plano suavemente com
minhas asas de
anjo negro

Minha solidão


devora as horas

esperando o dia terminar

até cair sobre mim

o manto da noite
onde sonho acordado
sem despertar

Meus versos escritos


com sangue

deslizam como uma chuva tépida

nos prédios abandonados

onde deixo o lamento de um mundo
doente
gravado

Doenças deixadas pelos seres


do dia

que destroem o mundo

com sua ímpia enfurecida

Quem são os estranhos?
Ou seriam os loucos?

Deixe-me só com minha tristeza


pois o que resta é chorar

afinal, alguém precisa chorar


▲ TOPO